Quando se fala em história da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil logo vem à lembrança a data do “31 de Julho”. Isso é mais do que natural face à importância da data do nascimento de nossa querida Igreja. Os nomes de Eduardo Carlos Pereira, Othoniel Mota, Vicente Themudo Lessa, Alfredo Borges Teixeira, dentre outros, estão fortemente presentes na lembrança e na memória de Igreja Independente. Para saber mais sobre o nascimento da IPIB, leia “Eduardo Carlos Pereira – Seu apostolado no Brasil“, de autoria do Rev. Machado Correia, publicado pela Editora Pendão Real. Brevemente procuraremos disponibilizar uma cópia do texto do próprio Rev. Eduardo Carlos Pereira, intitulado “As Origens da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil“.
No entanto, a história da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil é mais do que o “31 de Julho”: Temos quase cem anos de vida, de realizações, de ministério frutífero para o Reino de Deus e o evangelismo brasileiro! Procuraremos abordar aqui algumas das mais importantes passagens da vida da IPIB, no decorrer de sua quase centenária história.
Já no final do século XIX, a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos estava dividida em duas partes, por causa da questão da libertação dos escravos e conseqüente Guerra da Secessão. Isso significava que o Brasil era alvo do trabalho de duas Igrejas Presbiterianas do mesmo país. Vários missionários que trabalhavam aqui eram filiados ao “Board” de Nova Iorque (Igreja do Norte dos EUA) e outros eram filiados ao “Committee” de Nashville (Igreja do Sul dos EUA). Nem sempre havia acordo pleno entre esses dois grupos de missionários.
Com o correr do tempo foi se formando um corpo de pastores brasileiros. E a complicação do Presbiterianismo brasileiro aumentou. Nem sempre os pastores nacionais estavam de acordo com a forma de trabalho dos missionários estrangeiros. Conseqüentemente, três forças distintas estavam presentes dentro do Presbiterianismo no Brasil: os missionários do Norte dos Estados Unidos; os missionários do Sul dos Estados Unidos, e os pastores brasileiros.
A respeito de muitas questões, esses grupos tinham opiniões diferentes. Talvez a mais importante delas tenha sido a questão da evangelização indireta. O fato é que vultosos recursos financeiros eram empregados em instituições de ensino criadas pelos missionários. Alegava-se que, através de tais instituições, o evangelho estaria influenciando a sociedade brasileira. Alguns líderes do Presbiterianismo brasileiro, porém, achavam que esses recursos seriam mais úteis se fossem empregados na evangelização direta. E é aqui que destacamos a figura do Rev. Eduardo Carlos Pereira.
Na noite de 31 de julho de 1903, um grupo de 7 pastores e 11 presbíteros deixou a reunião do Sínodo (da então Igreja Presbiteriana do Brasil), liderados pelo Rev. Eduardo Carlos Pereira, para fundar a “EGREJA PRESBYTERIANA INDEPENDENTE BRAZILEIRA“, segundo a ortografia da época. No dia seguinte, 1 de agosto, organizaram-na oficialmente em “Presbitério Independente”. Outros quatro presbíteros foram arrolados entre os fundadores da Igreja (ficaram conhecidos como “fundadores do dia seguinte”). Os pastores fundadores eram:
Os presbíteros fundadores eram:
Eduardo Carlos Pereira nasceu em 1855. Em 1875 fez sua pública profissão de fé, na Igreja Presbiteriana de São Paulo, perante o Rev. G. Chamberlain. Cinco anos depois, iniciou sua carreira ministerial na cidade de Campanha, estado de Minas Gerais. Em 1884, juntamente com Remígio Cerqueira Leite, fundou a Sociedade Brasileira de Tratados Evangélicos, visando a publicação de opúsculos para evangelização e disseminação do protestantismo. Nessa Sociedade já estava, em embrião, tudo aquilo que Eduardo Carlos Pereira representaria para o presbiterianismo brasileiro. Algumas características dessa Sociedade eram:
Foi assim que apareceu em 1886 o trabalho do próprio Rev. Eduardo sobre “A religião cristã e suas relações com a escravidão“. Nessa época o problema da libertação dos escravos estava sendo discutido no Brasil. A obra lançada pela Sociedade mostrava que a Igreja não se omitia, mas tinha uma contribuição a dar à sociedade brasileira, sugerindo respostas para os seus problemas.
Em 1886, o Rev. Eduardo Carlos Pereira formulou um ambicioso plano de Missões Nacionais, aprovado pelo seu Presbitério, com os seguintes propósitos:
Nessa época, em que todo o trabalho evangélico no Brasil dependia do dinheiro e das resoluções que vinham de fora, sua voz se levantara para defender missões nacionais, pensamento teológico voltado para assuntos nacionais, sustentação da Igreja por recursos financeiros nacionais.
Eduardo Carlos Pereira era uma manifestação de que já tínhamos no Brasil um presbiterianismo forte, um presbiterianismo adulto, um presbiterianismo que não precisava ser tutelado. Os próprios fatos apontavam nessa direção: em 1888, a Primeira Igreja Presbiteriana de São Paulo elegeu o Rev. Eduardo Carlos Pereira como pastor, dispensando o trabalho missionário. Nesse mesmo ano, instalou-se o Sínodo da Igreja Presbiteriana no Brasil. Era mais um sinal de que a obra presbiteriana estava em pleno desenvolvimento.
Os missionários e as igrejas dos Estados Unidos deveriam ter percebido esse movimento inicial e deveriam também passar a atuar no sentido de emanciparem a Igreja Presbiteriana que aqui organizaram, mas não foi isso que veio a acontecer.
Na base de tudo estava um problema muito sério: o da preparação dos pastores para a Igreja Presbiteriana no Brasil. Desde a organização do Sínodo, em 1888, a questão que dividia a Igreja era a da criação de um Seminário Teológico. Os missionários do Norte dos EUA queriam-no em São Paulo, onde já possuíam uma escola (a atual Universidade Presbiteriana Mackenzie). Os missionários do Sul dos EUA queriam-no em Campinas, onde também já tinham uma escola. A conseqüência dessa divergência era que não se instalava, de fato, um seminário presbiteriano no Brasil.
O Rev. Eduardo Carlos Pereira e sua igreja envolveram-se diretamente na questão. Afligia-os o fato de não existir uma preparação adequada para os pastores da Igreja. Foi em meio a essa situação que, a partir de 1898, surgiu mais um problema: a questão maçônica. A origem da questão maçônica se deu através dos artigos de Nicolau Soares do Couto Esher, publicados em “O ESTANDARTE”, procurando demonstrar a incompatibilidade entre a maçonaria e a fé cristã. O assunto era polêmico. Vários pastores e missionários pertenciam à maçonaria.
Em 1901, o Rev. Eduardo Carlos Pereira publicou o livro “A maçonaria e a Igreja Cristã“, e em seguida lançou uma Plataforma através de “O ESTANDARTE”, com os seguintes pontos:
Reuniu-se o Sínodo de 1903. A Plataforma de Eduardo Carlos Pereira foi posta em discussão. Os dois primeiros pontos foram rejeitados, sendo considerados como sinais de ingratidão para com os missionários. O terceiro ponto também foi recusado. O Sínodo decidiu que a maçonaria continuaria a ser permitida para os membros da Igreja e que não se poderia mais discutir o assunto.
O Rev. Vicente Themudo Lessa descreveu assim os acontecimentos:
“Então, pede o Rev. Eduardo a palavra para despedir-se. Fala primeiro aos missionários: Irmãos missionários, permiti-me dirigir-vos cordial despedida. Procurei um plano de cooperação entre os missionários e os nacionais. Vós não o quisestes. Creio que errastes; o futuro, porém, o dirá. E vós, meus patrícios, reagi quanto pude em favor do vosso prestígio moral. Nada consegui. A maçonaria cavou um abismo entre nós e vós. Ela foi, porém, o instrumento e, se me permitirem a expressão, a mão de gato para tirar as castanhas do fogo…”
A IPIB nasceu pequena. No entanto, o fervor inicial, que era muito grande, propiciou à Igreja um crescimento muito expressivo. Em pouco mais de dez anos, a nova Igreja quase alcançou o mesmo número de membros da Igreja Presbiteriana, da qual saíra em 1903. Era tão impressionante esse crescimento e tão significativo esse fervor que a IPIB ganhou um carinhoso apelido: “Igrejinha dos milagres”! Os estudiosos sugerem que três razões colaboraram, e em muito, para esse crescimento inicial dos presbiterianos independentes:
No final dos anos 30 do século passado, a nossa Igreja sofreu um grande abalo. Uma divisão cindiu a IPIB em três partes: (1) os que ficaram, (2) os que saíram para formar a Igreja Presbiteriana Conservadora e (3) os que saíram para formar a Igreja Cristã de São Paulo (um grupo mais liberal). Dentre as razões para essa divisão estava a discussão doutrinária sobre as chamadas “penas eternas”, em que alguns afirmavam o perene castigo dos ímpios e outros defendiam o aniquilamento dos mesmos. Essa divisão levou para fora da Igreja Independente muitos pastores e líderes importantes, além de quase todos os professores do Seminário. (Para melhores informações sobre o assunto, pode-se consultar o livro “Um passado tão presente!”, publicado pela Pendão Real em 1983, em comemoração aos 80 anos da IPIB). Como resultado desse triste acontecimento, dois fatos importantes ocorreram:
1. O sacrifício dos pastores que ficaram
Só para exemplificar, o Seminário em São Paulo não fechou porque dois ministros da IPIB, os Revs. Roldão Trindade de Ávila e Adolpho Machado Correia, dividiram entre eles todas as matérias do curso teológico, evitando assim que o Seminário sucumbisse por falta de professores;
2. A ascensão do movimento leigo
Na falta de lideranças pastorais, os leigos sentiram-se desafiados a liderar a denominação. Não descuidando dos afazeres em suas igrejas locais, os leigos organizaram as sociedades de juventude (o movimento do UMPISMO), de mulheres e de homens, além de tomarem a frente na área missionária e de educação religiosa. Ficou famosa a CERAL, Comissão de Educação Religiosa e de Atividades Leigas, liderada pelo Presbítero Carlos Renê Egg, que cuidou de toda a ação missionária da IPIB na década de 40, integrando os leigos nesse ministério. Não menos importante foi a chamada “Caravana ao Norte”, também no início dos anos 40, que teve em Egg e nos jovens Francisco Guedelha e Rui Anacleto os seus participantes. A Caravana visitou o Norte e o Nordeste do Brasil e levou aos presbiterianos independentes dessas regiões a presença da Igreja, em uma heróica tentativa de integrar o Brasil presbiteriano independente.
No princípio dos anos 80 do século passado a nossa Igreja carecia de uma modernização. O Brasil saía de um período difícil de sua história, marcado pelo autoritarismo, pela perseguição às idéias diferentes e pela falta de liberdade. Iniciou-se uma abertura política. A IPIB acabou acompanhando essa tendência, iniciando na mesma época um processo de abertura ministerial e pastoral. Esse processo constituiu-se em grande bênção para todo o arraial presbiteriano independente! Liderada pelo Rev. Abival Pires da Silveira (que foi presidente do Supremo Concílio, atual Assembléia Geral, por três vezes), a IPIB deu saltos de qualidade e de serviço no Reino de Deus:
Tais providências colocaram a IPIB outra vez na vanguarda do ministério evangélico em nosso país. Em tempos de crescimento do movimento carismático, tais avanços da IPIB permitiram que a Igreja encontrasse caminhos alternativos de serviço ao Senhor e de ministério frutífero no Reino de Deus. Tais avanços foram também a prova de que se podia servir ao Senhor sem imitar os modelos baseados em modismos e exageros, ao mesmo tempo em que se acolhia os bons exemplos e experiências de real conteúdo evangélico e bíblico.
A divisão histórica feita a seguir foi elaborada pela Comissão para Escrever a História da IPIB. Esse quadro histórico deverá ser parte integrante do primeiro capítulo do livro que a Assembléia Geral pretende publicar brevemente sobre a história da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. O texto ainda é provisório, podendo ser modificado e ampliado até a publicação do referido livro. Esse material deve ser utilizado apenas como fonte de consulta. Para maiores informações, envie sua mensagem, sugestões ou comentários para o relator da comissão.
1859
1875
1881
1887
1888
1892
1893
1898
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1902
1903
1904
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